27 de setembro de 2017 0 1111 Visualizações

NOTÍCIAS PELO BRASIL: Professor de direito diz em sala de aula que ‘mulher gosta de apanhar’

Professor de direito diz em sala de aula que ‘mulher gosta de apanhar’

Situação aconteceu em aula voltada para concurseiros, em Curitiba; ‘Foram brincadeiras, como tantos humoristas realizam’, explicou o professor.


Vídeo do professor foi postado em redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)Vídeo do professor foi postado em redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

Vídeo do professor foi postado em redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

Um professor do Centro de Estudos Jurídicos Luiz Carlos, em Curitiba, falou em sala de aula que “mulher gosta de apanhar”. No vídeo, compartilhado nas redes socais, é possível assistir à declaração. Assista.

“Mulherada se acha, né, essa Lei Maria da Penha aí né, mulherada se acha, né. Gosta de apanhar ou não? Levar uns murros na boca de vez em quando? Uma joelhada, não gosta? Quebrar umas costelas, não gosta? Mulher gosta de apanhar. Mulher gosta de levar porrada, não é verdade? Ela não gosta quando incha a boca, incha o olho, borra a maquiagem, daí ela não gosta. Tô brincando, tô brincando, tô brincando, tô brincando! “.

Victor Augusto Leão faz parte da equipe de professores do Curso Luiz Carlos que, no site, o apresenta como graduado em direito pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), com especialização em direito civil contempo e mestre em ciência jurídica.

A instituição oferece cursos preparatórios para concursos públicos e exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Perfil do professor Victor Augusto Leão publicado no site do Curso Luiz Carlos (Foto: Reprodução/Curso Luiz Carlos )Perfil do professor Victor Augusto Leão publicado no site do Curso Luiz Carlos (Foto: Reprodução/Curso Luiz Carlos )

Perfil do professor Victor Augusto Leão publicado no site do Curso Luiz Carlos (Foto: Reprodução/Curso Luiz Carlos )

No domingo (24), o Curso Luiz Carlos fez um comunicado sobre o ocorrido e afirmou ter tomado conhecimento do fato no sábado (23), pelas redes sociais, e que a aula foi ministrada no dia 2 de setembro.

A aula, segundo o próprio professor, era uma revisão de véspera para o concurso do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR).

De acordo com o comunicado, a instituição não recebeu nenhuma reclamação escrita ou verbal na secretaria relacionada aos comentários do professor.

“O curso repudia e não compactua com qualquer tipo de incitação à violência contra as mulheres – ou qualquer outro tipo de discriminação, ligada a que gênero for”, diz um trecho do comunicado.

Uma nota de repúdio foi divulgada por um grupo de entidades ligadas a mulheres, como a Associação Brasileira de Lesbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais (ABGLT), a Articulação de Mulheres Brasileiras (AMB), o Comitê Latino-americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, a PartidA Feminista Nacional e Rede Mulheres Negras do Paraná.

“Não é aceitável que um professor de Direito ignore e deboche em sala de aula da alarmante estatística de violência doméstica no país. Uma em cada três mulheres sofreu algum tipo de violência só no último ano no Brasil. 503 mulheres são vitimas de agressões físicas a cada hora (Datafolha. Março/2017)”, diz um dos trechos da nota.

O que diz o professor

A instituição também divulgou uma nota de esclarecimento do professor Victor Augusto Leão.

“Não foi um discurso malignamente ofensivo às mulheres. Foram brincadeiras (expressamente destacadas), como tantos humoristas realizam. Não se pretendeu (como de fato não se fez), estimular a violência doméstica e familiar contra a mulher”, afirmou o professor.

Ele ainda disse que “não se pode confundir brincadeira no contexto como ocorreu com discurso pregador de violência contra a mulher”.

Leia a íntegra da nota de esclarecimento do professor Victor Augusto Leão

“Considerando-se o teor de diversos comentários nas redes sociais sobre uma aula, ministrada pelo professor Victor Augusto Leão, ele esclarece que:

O trecho do vídeo apresentado está fora do contexto de todo vídeo da aula, pois, se acaso analisado desde seu início, observar-se-ia um contexto de total descontração. Em vários momentos do trecho do vídeo divulgado frisei que estava apenas brincando, já prevendo que pessoas maldosas ou com outros desígnios deturpassem meus comentários com finalidades das mais diversas.

Era uma aula de revisão de véspera para o concurso do TRE/PR, com milhares de inscritos, e pretendi apenas descontrair o nervosismo dos alunos com brincadeiras enquanto ministrava conteúdo importante de revisão na aula.

O pequeno trecho do vídeo não retratou essas passagens, o que seria suficiente para se concluir em sentido completamente contrário ao que está exposto nos comentários nas redes sociais. Ao final, inclusive, repassei uma mensagem de Deus para acalmar os referidos alunos e tentar arrefecer seus nervos

Portanto, aferir-se qualquer conclusão assistindo a apenas um trecho do vídeo significa partir de uma premissa equivocada. É necessário assistir a todo o vídeo da aula para, a partir de uma premissa completa, concluir-se que não houve menosprezo à mulher. Houve, sim, conteúdo jurídico com descontrações.

É inaceitável e lamentável que pessoas postem comentários que denigram minha imagem nas redes sociais como se minhas brincadeiras naquela aula fossem um discurso de pregação a favor da violência doméstica e familiar contra a mulher.

Não foi um discurso malignamente ofensivo às mulheres. Foram brincadeiras (expressamente destacadas), como tantos humoristas realizam. Não se pretendeu (como de fato não se fez), estimular a violência doméstica e familiar contra a mulher.

As pessoas que me conhecem sabem muito bem do respeito, amor e entrega que tenho por minha esposa e filhas, resultando em respeito e empatia para com outras pessoas.

Para se restringir apenas à sala de aula, isso é facilmente verificável com meus alunos e ex-alunos, os quais, inclusive, igualmente podem certificar meu estilo descontraído de ministrar aulas há mais de 12 anos e, também, que estimulo o respeito e a consideração às pessoas. Aliás, minhas avaliações institucionais realizadas pelos alunos comprovam cravadamente esses fatores.

É inaceitável e lamentável que pessoas postem comentários denegrindo minha imagem nas redes sociais sem conhecer o teor integral do vídeo da malfadada aula ou mesmo sem se certificar sobre quem estão falando.

Há que se considerar que não houve dolo, má-fé ou discriminação alguma contra as mulheres. O que ocorre é que houve uma divulgação de parte de um vídeo que não condiz com a realidade da aula e muito menos com meu caráter.

Não se pode perder de vista: foi um contexto pitoresco que algumas pessoas estão deturpando para disseminar seus ódios para os violentadores de mulheres, projetando tais figuras na minha pessoa.

Com efeito, repudia-se e não se compactua com qualquer espécie de violência. Existem homens que se prevalecem de violência contra a mulher. Isso é abominável!!! MAS EU NÃO SOU ASSIM.

Agora, enquadrar uma brincadeira em sala de aula nesse contexto violentador e proferir as mais variadas ofensas difamatórias é ser uma pessoa desproporcional, desarrazoada e desmotivadamente violentadora de uma didática aplicada em sala aula de cursinho e altamente ofensiva a um professor.

Isto é: não se pode, a pretexto da execrável violência contra a mulher, alçar uma brincadeira ao patamar de odioso discurso contra alguém que, em sua autonomia didática, brincou com um assunto polêmico.

Não se pode confundir brincadeira no contexto como ocorreu com discurso pregador de violência contra a mulher.

A diferença entre brincadeira e ofensa é nítida, mesmo para quem assistiu apenas parte pinçada do vídeo: basta se aperceber do destaque: “estou brincando, estou brincando”.

Não se pode chegar ao extremo de se proibir manifestações em tom de brincadeira ao argumento de ser discriminação, preconceito, ódio etc.

Há que se expandir a visão: não foi discurso de discriminação contra a mulher. Foi uma brincadeira cabível em determinado contexto. Pensar o contrário seria tolher qualquer iniciativa de deixar uma aula de revisão de véspera de concurso público menos enfadonha e improdutiva.

Perceba que no descontextualizado vídeo não há qualquer menção a fazer ou deixar de fazer isso ou aquilo. Há tão somente uma brincadeira.

A despeito dessas observações, assume-se que foi uma brincadeira no âmbito daquilo que se considera politicamente incorreto e não ofensivamente incorreto.

Nada obstante tudo isso, finalizo com meu total e pleno repúdio e não compactuação a qualquer ato de violência contra quem quer que seja, especialmente, no caso, à mulher, assim como estou plenamente convicto de que não pratiquei ilícito algum.

Por fim, caso alguma pessoa tenha se sentido ofendida, destaco minhas sinceras desculpas. Não foi esse o objetivo.

Prof. Victor Augusto Leão”

FONTE: G1.COM

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