REGIÃO: Polícia Civil abre inquérito para apurar chicotadas em Bar
Delegada afirma que denúncias são graves e que se forem confirmadas, empresário de Ribeirão Preto deve ser afastado do convívio com universitários
A Delegacia de Defesa da Mulher abriu inquérito para investigar o empresário Marcelo Felloni, dono do Bar do Felloni, acusado de agredir jovens universitárias com chicotadas.
A informação foi dada pela delegada Luciana Camargo Renest Ruivo na manhã desta quarta-feira, titular da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM). A delegada informou que recebeu hoje o boletim de ocorrência com a denuncia feita por uma aluna do curso de arquitetura e urbanismo de 21 anos, no último dia 11.
À Polícia Civil a estudante relatou que foi agredida pelo empresário com um golpe de corda engomada durante uma festa realizada no bar dele. Segundo ela, o comerciante a agrediu porque se irritou com o fato de ela entrar atrás do balcão para auxiliar os colegas na conexão de um aplicativo de música.
Segundo a delegada, a denúncia é grave e causou grande repercussão na rede social. “No meu entender, se essas denúncias se comprovarem, essa pessoa não pode ficar no meio de universitários. Tem de ser retirado desse bar”, afirmou.
Luciana afirmou que aguarda o laudo do IML (Instituto Médico Legal) do exame de corpo de delito da estudante, mas pela fotografia o exame deverá apontar lesão corporal leve. Segundo a delegada, o comerciante deverá responder por esse crime, cuja pena é concessão de cestas básicas ou prestação de serviços à comunidade, dependendo da decisão do Juizado Especial Criminal.
Felloni não quis se pronunciar, mas passou o contato do advogado dele, Hamilton Paulino, que negou as acusações.
“Eu acho isso (acusações) muito exagerado. Você acha mesmo que um bar de fronte a uma universidade, em um bairro nobre de Ribeirão preto, faria algo deste tipo? Só se meu cliente for um psicopata”, afirmou na tarde de terça-feira (20).
O advogado ainda afirmou que a estudante está mentindo. “Não confirmo as agressões. Essa garota ai estava bêbada. Tem muitas testemunhas que falam que ela caiu no chão diversas vezes. Ela está causando essa confusão toda”.
Novas vítimas
A reportagem ouviu o relato de mais uma vítima do empresário. A estudante disse que, no ano passado, levou chicotadas na perna e no joelho depois de se recusar a aceitar a bebida oferecida pelo acusado.
“Ele sempre ameaçou nos bater se não fizéssemos qualquer coisa que ele quisesse. Na hora eu chorei de dor e falei que se aquilo voltasse a acontecer tomaria outras providências”, contou.
A estudante disse que até ser agredida costumava ir com frequência no bar na hora do intervalo e que as agressões também eram frequentes.
Nota de Repúdio
O Diretório Acadêmico Lúcio Costa, do Centro Universitário Barão de Mauá, publicou uma nota de repúdio contra as agressões à aluna do curso de arquitetura e urbanismo da universidade.
“A aluna foi agredida fisicamente, como a imagem mostra, devido ao que chamam de brincadeira de “chicotada” existente no bar. A aluna em questão não é amiga do dono do bar, e não há nenhuma razão ou até mesmo desculpa que leve a esse ato. Foi irresponsável, desrespeitoso e agressivo. Perturbou física e psicologicamente a aluna, e nós não podemos aceitar nenhum tipo de agressão a quem quer que seja”, diz a nota.
E a nota complementa: “O lamentável ocorrido reforça também o sexismo e machismo exacerbado existentes na sociedade e no corpo universitário como um todo. Sociedade essa que padece da manutenção de características patriarcais e enxerga a mulher como mero objeto sexual, uma concepção formulada e cicatrizada por uma sociedade que permanece estruturalmente machista. Por fim, devemos ressaltar que o enfrentamento a todo tipo de violência contra a mulher é pauta fundamental para a construção de relações sociais mais justas e igualitárias.”
Fonte: acidadeon.com
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