GUAÍRA: Presidente da Câmara assume prefeitura após afastamento do prefeito e prisão do vice

José Renato dos Santos Júnior (DEM) tomou posse na quarta-feira (9). Ex-chefes do Executivo, Zé Eduardo (PSDB) e Renato Moreira (Cidadania) são alvos de investigações do Ministério Público por fraudes em licitações.

José Renato dos Santos Júnior (DEM) assumiu a Prefeitura de Guaíra (SP) após o afastamento do prefeito Zé Eduardo (PSDB) e do vice Renato César Moreira (Cidadania), que foi preso durante investigações da Operação ‘Golpe Baixo’, do Ministério Público.

Santos Júnior tem 43 anos, é advogado e era o presidente da Câmara Municipal de Guaíra. Ele nasceu no município e é casado. O prefeito em exercício foi candidato à reeleição para vereador, recebeu 348 votos e ficou como suplente.

A posse, realizada no Paço Municipal ‘Messias Cândido Faleiros’, foi oficializada em publicação no Diário Oficial da Prefeitura na quarta-feira (9). Com isso, a Câmara da cidade passa a ter a presidência de Jorge Domingos Talarico (PSDB).

Afastamento
Deflagrada na quarta-feira pelo MP, com apoio da Polícia Militar e da Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), a operação ‘Golpe Baixo’ apura fraudes envolvendo R$ 2 milhões em licitações em contratações para as secretarias de Esporte, Educação e Cultura.

Zé Eduardo e Moreira, que também é secretário de educação e foi preso, são suspeitos de participação do esquema.

Celulares, equipamentos, documentos do setor de licitações da Prefeitura de Guaíra e R$50 mil em dinheiro e cheques foram apreendidos. A Justiça autorizou a quebra do sigilo bancário de 13 contas em nomes dos suspeitos.

Além de Moreira, mais nove pessoas foram presas na quarta-feira, dentre elas o diretor de esportes Alessandro Camilo da Silva, o presidente de uma ONG de Judô Stefanio Bonvino e empresários.

A reportagem não localizou a defesa do vice-prefeito Renato César Moreira. Por mensagem de aplicativo, a mulher do diretor de esportes, Alessandro Camilo da Silva, disse que ele só vai se manifestar após instituir um advogado. A defesa de Stefanio Bonvino, que foi eleito vereador, também não foi localizada.

Procurado, Zé Eduardo disse que que respeita a Justiça e que tem tranquilidade na transparência e na índole de sua gestão.

Investigações
As investigações apontam que em 2019 o município cedeu a gestão dos serviços de esportes a uma Organização Social (OS). Por sua vez, a OS passou a contratar empresas ligadas ao prefeito e ao vice-prefeito para ministrar aulas de judô, basquete e vôlei, de forma irregular.

As contratações eram feitas com dispensa de licitações e direcionadas por meio de empresas de fachada.

O MP aponta que o responsável por intermediar os contratos era o vice-prefeito.

Prefeito sabia do esquema
Segundo a promotoria, informações obtidas em interceptações telemáticas e documentos apreendidos apontam que o chefe do Executivo sabia do esquema.

“O prefeito atuando juntamente com ele [vice], mantinha conhecimento de todas essas situações. Segundo os elementos que nós identificamos, trocava e-mails inclusive com empresários. Hoje foram apreendidos em seu gabinete documentos indicando orçamentos preparados já para a apresentação em licitações, orçamentos de várias empresas e empresários”, diz o promotor André Vitor de Freitas.

A força-tarefa vai analisar o material apreendido durante a operação e a movimentação financeira dos últimos quatro anos nas 13 contas bancárias que tiveram o sigilo quebrado pela Justiça.

Em 15 de novembro, Zé Eduardo tentou a reeleição e recebeu a maioria dos votos. No entanto, a candidatura dele ainda está sob análise.

Fonte: G1