SAÚDE: Alimentar Aedes com ‘Whey Protein’ e sangue bovino facilita manejo do mosquito, diz estudo
Nova dieta ajuda no desenvolvimento de bactéria que impede que o vírus da dengue se instale no organismo do Aedes. Pesquisa foi desenvolvida pela Fiocruz.
Pesquisadores da Fiocruz desenvolveram uma nova dieta para alimentar o Aedes Aegypti modificados com a bactéria Wolbachia, estratégia em estudo para o controle do vírus da dengue no Brasil. A nova dieta ajuda no desenvolvimento da bactéria.
A ideia é substituir sangue humano por uma alimentação que mistura nutrientes, sangue bovino e a proteína do soro do leite — conhecida popularmente como “Whey Protein”, um tipo de suplemento que costuma ser usado por praticantes de musculação após o treino.
Os resultados da nova estratégia, que vai facilitar o manejo do mosquito, foram publicados no “Scientific Reports”, publicação do grupo “Nature”.
Segundo pesquisadores, a nova dieta vai eliminar uma etapa da pesquisa, que atualmente utiliza sangue humano de bancos de sangue parceiros da Fiocruz para alimentar os mosquitos desenvolvidos em laboratório.
Com a nova nutrição, cientistas não mais vão precisar fazer tantos testes prévios no sangue humano usado para a alimentação — os exames eram necessários para evitar que outras infecções fossem transmitidas para o mosquito.
Também, segundo pesquisadores, a alimentação poupa menos recursos. O estudo teve a partipação dos pesquisadores Luciano Moreira, Heverton Leandro Carneiro Dutra, Silvia Lomeu Rodrigues, Simone Brutman Mansur e Sofia Pimenta de Oliveira.
Uma bactéria para eliminar o mosquito
Em estudo desde 2011, a Wolbachia impede que o vírus da dengue consiga se desenvolver no organismo no mosquito. No Brasil, o projeto “Eliminar a Dengue: Desafio Brasil”, coordenado pela Fiocruz, vem testando a estratégia.
Em agosto, 1,6 de milhão de mosquitos foram soltos em dez bairros da Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Neste projeto, que termina no final de 2018, também serão soltos mosquitos modificados no Centro e nas zonas Norte e Sul da cidade.
Como os cientistas chegaram à dieta
Segundo a Fiocruz, cientistas analisaram quais componentes do sangue são necessários para que a Wolbachia se desenvolva – já que é preciso uma quantidade de nutrientes maior que a normal para que o micro-organismo cresça no embrião.
Eles observaram, assim, que o ferro e o colesterol mantêm a bactéria viva.
Após experimentos, cientistas chegaram a uma fórmula que batizaram de APS – que usa sais minerais, sangue bovino, ATP e o Whey Protein.
Com a nova alimentação, o número de ovos de Aedes desenvolvidos com a Wolbachia foi tão significativo quanto na dieta com sangue humano, o que demonstrou a eficácia da composição nutricional.
Agora, pesquisadores vão desenvolver mais estudos para que, no futuro, seja possível uma alimentação totalmente artificial para os mosquitos.
Fonte: G1/Bem Estar
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