REGIÃO: “Nós só queremos justiça”, diz família de bebê que morreu em unidade de saúde

Avó de criança, que iria completar 8 meses, acusa médica que estava de plantão na UBDS de erro médico

A frase é de Lilian da Silva Faria, avó de Lorenzo Manoel, que morreu na tarde de sábado (23). O menino, que iria completar 8 meses nesta semana, morreu na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 13 de Maio após passar por dois atendimentos na UBDS (Unidade Básica Distrital de Saúde) Quintino Facci II. A prefeitura informou, através de nota, que vai apurar o que ocorreu no caso (leia mais abaixo).

A cabeleireira de 33 anos relata que Lorenzo foi diagnosticado após o nascimento com anemia falciforme – doença genética e hereditária caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue – e que o bebê fazia acompanhamento no Hospital das Clínicas. Ele não estava tomando nenhuma medicação pois, segundo a avó, passaria por exames nesta semana.  

A avó explica que é comum que pessoas com anemia falciforme tenha febre, mas na quinta-feira (21) a febre de Lorenzo estava mais alta que o normal. “Demos banho, ela não abaixou e o levamos para o postinho [UBDS do Quintino II]. A médica receitou dipirona, sais de reidratação oral e bromoprida gotas”. Ela complementa que em todas as consultas, a mãe do Lorenzo informa os médicos da doença do filho. 

O bebê passou bem a manhã e tarde de sexta-feira (22), mas no final do dia voltou a ficar ruim. “Ele tinha feito exames de sangue e urina na quinta, então no sábado voltamos no postinho para pegar os resultados e o levamos de novo, já que ele não estava bem, com febre de novo”. No segundo atendimento, segundo Lilian, foi receitado, entre os remédios, bromoprida em injeção. “Eles ficam com o papel da injeção, mas minha filha entrou na sala de injeção e perguntou do que era a injeção, falaram bromoprida”.  

Após a injeção, Lorenzo começou a apresentar sonolência. Ao chegar em casa, as mulheres decidiram dar um banho no bebê e ao despi-lo, notaram que ele estava com uma coloração diferente e virando os olhos. “Colocamos a roupa nele de volta e eu corri para a UPA. Ele chegou lá já desmaiado”.  

O bebê foi atendido emergencialmente mas, segundo Lilian, morreu cerca de 30 minutos após dar entrada. A família registrou um boletim de ocorrência e agora pede que os responsáveis sejam responsabilizados. Um protesto foi marcado pela família para esta terça-feira (26). “Minha filha olhou na internet e ele não podia ter tomado essa injeção. Está muito difícil para ela, queremos justiça”. 

Lorenzo foi enterrado na manhã deste domingo (24) no Cemitério Bom Pastor, zona Leste de Ribeirão Preto. Em um vídeo que viralizou nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, familiares da criança aparecerem fazendo um desabafo dentro da unidade de saúde. 

Outro lado  

A Secretaria Municipal da Saúde informou, em nota, que a “criança LMFB, de oito meses incompletos, ela deu entrada na UBDS Dr. Sérgio Arouca (posto do Quintino Facci), às 8h56 do dia 23/02/2019”. “Em avaliação médica, pela primeira vez, sendo realizado exame de RX de tórax, checado exames de sangue e medicado, recebendo alta por volta das 10h”, seguiu a prefeitura. 

“Retornou para atendimento na UPA 13 de Maio, às 12h48, em situação grave, sendo submetido a manobras de ressuscitação sem sucesso, infelizmente sendo constatado o falecimento”, continua a nota. 

“A avaliação de toda a ocorrência já se iniciou tanto nas Unidades de Saúde, quanto junto ao Serviço de Verificação de Óbitos para se poder concluir sobre os fatos da ocorrência. Solidarizamos com a dor da família, nos colocando a disposição para o apoio necessário”, finaliza a prefeitura. 

Fonte: acidadeon.com