BEBEDOURO: Cães se recuperam após serem resgatados com mutilações e desnutridos

Médico veterinário suspeita que um dos animais tenha sido jogado na parede ou atropelado. Polícia Civil aguarda laudo clínico. Adolescente e a irmã técnica de enfermagem são suspeitos.

Dois cães que foram resgatados com ferimentos graves e sinais de desnutrição em Bebedouro (SP) estão abrigados em uma ONG, enquanto a Polícia Civil investiga os donos por suspeita de maus-tratos. Os animais se recuperam bem e já receberam alta da clínica veterinária.

Os cachorros foram socorridos na quinta-feira (24) após uma denúncia feita a ONG Dona Zuleika. Testemunhas disseram aos protetores que os animais estavam em péssimas condições e que havia suspeita de que fossem torturados. Um deles apresentava mutilações por todo o corpo.

A Polícia Civil aguarda o laudo veterinário para identificar a causa das lesões. Uma técnica de enfermagem e o irmão adolescente dela são suspeitos.

Segundo a polícia, a mulher tentou levar os cachorros de volta para casa, mas a polícia não permitiu. Cabe à Justiça decidir o destino dos animais. Por enquanto, eles ficarão sob os cuidados da ONG.

Feridas, carrapatos e desnutrição
O médico veterinário Jorge Andrade, que atendeu os cães, relatou que eles estavam desnutridos, com marcas de corda, feridas e carrapatos. Ele suspeita que Toddy, o cão branco que está com feridas na pele, tenha sido jogado na parede ou atropelado.

“Isso é típico de quando o animal é atropelado. Quando esfrega no asfalto e fica aquele esfolado. Só que o cachorro eu acho que não ia para rua. Parece que ele jogado no muro”, diz Andrade.

A Polícia Civil não descarta a possibilidade de uma doença dermatológica causada por fungo, mas o médico veterinário discorda. “[A dermatite] age diferente. Ali estava parecendo feridas vivas. Tinha acabado de acontecer. Estava sangrando. Para chegar uma dermatite naquele ponto é coisa de meses. Aquilo é ferida nova”, explica.

Andrade diz que Toddy está sendo medicado com antibiótico porque está com doença do carrapato. Já Dayle, o cão marrom, não chegou a ter a doença, mas também estava com carrapatos.

“Os dois estavam um pouco anêmicos. Eles tinham bastante carrapato. Inclusive eu tive que dedetizar toda a clínica aqui, porque empesteou tudo [durante] os dias que eles ficaram aqui”, diz.

Resgate
Após receber a denúncia, a protetora Mariângela Mussolini, que também é vereadora, acionou a polícia para acompanhar a ocorrência. Ela diz que os animais estavam agressivos e, com medo, não aceitavam os cuidados.

“Nós chegamos e o portão da casa estava destrancado. A moradora saiu lá fora e o irmão dela parecia estar alterado. Quando os policiais entraram, eles viram um dos cachorros em carne viva. Eles tinham o olhar triste”, disse.

Os dois cães foram sedados para que pudessem ser resgatados e levados até a clínica, onde passaram por exames, foram medicados e receberam alta na terça-feira (28).

Investigação
A Polícia Civil diz que, mesmo que não seja possível confirmar o que causou as lesões, a desnutrição indica que os cães foram maltratados. Por isso, a técnica de enfermagem é investigada por maus-tratos, abuso e mutilação, enquanto o adolescente responde por ato infracional.

Se condenada, a mulher poderá pegar de três meses a um ano de detenção e terá que pagar multa. Já o menor deverá responder junto ao Juizado da Infância e da Juventude. O caso é investigado pelo Setor de Proteção aos Animais do 1º Distrito Policial.

De acordo com a vereadora, a técnica de enfermagem afirmou que está desempregada e, por isso, não levou os animais a uma clínica para serem examinados. Ela também negou qualquer tipo de maus-tratos ou violência contra os cães.

Fonte: G1