CAMPO GRANDE: Professor leva 16 crianças em carro para projeto de futebol; algumas com pés para fora do porta-malas
13 de setembro de 2021 1072 Visualizações

CAMPO GRANDE: Professor leva 16 crianças em carro para projeto de futebol; algumas com pés para fora do porta-malas

Empresária que fez a filmagem achou que fossem bonecos no veículo. Chefe da Agetran afirmou que não se deve colocar crianças em risco no trânsito, mesmo ‘dizendo que está fazendo um bem maior’ e que ‘fato é inaceitável’.

Um homem de 64 anos foi visto dirigindo um carro com várias crianças em Campo Grande (MS). Amontoadas no veículo, que comporta até cinco pessoas, incluindo o motorista, algumas crianças estavam no porta-malas com os pés para fora.

 

A cena foi flagrada por uma empresária de 35 anos, que estava atrás do veículo na região da Coronel Antonino e chegou a achar que eram bonecos. A reportagem localizou o condutor do veículo com as crianças, José Ferreira de Andrade, que disse que levava 16 alunos para treinar futebol em um projeto social.

A chefe da Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta, afirmou que não se deve colocar crianças em risco no trânsito, mesmo “dizendo que está fazendo um bem maior”. O homem pode responde por até quatro infrações.

O que diz o professor
Conhecido como Esquerdinha, José Ferreira é professor de futebol e afirma que dá aulas para crianças em projeto social.

“Eu sou professor voluntário e tenho esse projeto social há 20 anos. Não tenho outro recurso e faço isso para levar as crianças para jogarem nos campeonatos. Eu toco ele [projeto] sozinho. Levo a gurizada desde muito pequena para jogar na comunidade Tia Eva, para fazer treinos no bairro Mata do Jacinto onde tem uma quadra de futsal e também lá na região do Nova Lima e no bairro Estrela Dalva”, disse.

Segundo o professor, sua renda é de R$ 1,9 mil mensais. Ele diz que leva as crianças para o projeto para que elas tenham oportunidades em times grandes e desenvolvam bons hábitos.

“Eu sou professor de futebol e divido a minha renda com estas crianças do trabalho voluntário. Elas possuem uniforme, eu sempre levo pão e suco de lanche. Nunca tive uma ajuda sequer e daqui já saiu jogadores que foram para times grandes. Faço isso porque, quando eu era criança, nunca tive apoio. Também para que essa gurizada fique longe das drogas, das bebidas e do crime.”

José Ferreira também afirma que já levou outras crianças no veículo. Ultrapassar o limite que o carro comporta e transportar pessoas sem segurança, fora dos bancos, é infração de trânsito passível de multa.

“Eu tinha o sonho e montei o Esporte Clube Esquerdinha. Desde 2007 somos federados e já conquistamos muitos troféus. Teve jogador que saiu daqui e foi para o interior de São Paulo, Pará, Paraná, muitos lugares. Nesse carro mesmo, uma vez enchi de crianças e fomos para uma peneira que teve aqui do Corinthians. De lá, escolheram 8 crianças nossas.”

Sem sede e buscando recursos com empresários, o professor afirmou que não tem o intuito de cobrar mensalidade das crianças. “Eu queria ter uma sede, um vestiário, só que eu sei que não tem como pedir nem um centavo para os pais [dos alunos]. Tem lugar que cobra R$ 100 só do uniforme, mas, eu não vou fazer isso. […] O que nos une mesmo, eu e essas crianças, é o amor pelo futebol.”

Sobre a imprudência com o carro, o professor disse que “está arriscando a própria vida”. “Isso aí é sempre que acontece e eu sei que, se precisar, as crianças vão a pé para o campo comigo. Eu não vou desistir só porque me filmaram. Tem amistoso direto, elas querem ir.”

Pai de dois filhos, José Ferreira disse que também os leva para assistir e participar de campeonatos na cidade. Seu sonho, afirmou, é ter um ônibus para transportar os alunos. “A maior vontade que tenho é ter um ônibus para levá-los, para participarem de peneiras e jogarem em vários outros bairros, outras cidades do estado”, disse.

Empresária achou que fossem bonecos
A empresária de 35 anos que filmou a imprudência prefere não ser identificada. Ao G1, ela disse conta que “achou que fossem bonecos ou qualquer coisa do tipo, menos crianças”.

“Eu estava passando pela avenida Cônsul Assaf Trad e, do nada, me deparo com aquela cena de um carro e, simplesmente, três pernas para fora do veículo. Minha primeira impressão é que fossem bonecos ou qualquer coisa do tipo, menos crianças. Na hora, me indignei ao ver a irresponsabilidade daquele motorista, colocando pessoas em risco.”

Ainda conforme a empresária, o condutor fazia o mesmo trajeto que ela. “Quando parou, vi saírem umas cinco crianças uniformizadas, todas felizes, dando tchau e marcando um novo encontro. Depois, ele continuou o trajeto com as outras pessoas e foi aí que eu entendi que ele estava fazendo um transporte para jogadores de futebol.”

Fato é inaceitável, diz chefe da Agetran

A chefe da Educação para o Trânsito da Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran), Ivanise Rotta, disse que o motorista pode, de forma imprudente, “amputar as pernas” das crianças e “o fato é inaceitável”. Ela ainda ressaltou que o ocorrido comprova o quanto o trabalho preventivo no trânsito é essencial para evitar infrações como esta.

“Uma colisão de um veículo deste, mesmo que a velocidade não esteja excessiva, seria uma tragédia. Sem cinto de segurança, todo mundo amontoado, um vai batendo a cabeça no outro. As chances existem e é algo real.”
“Nós entendemos que há um problema social, então, devemos buscar soluções e jamais colocar em risco, dizendo que está fazendo um bem maior. O trabalho preventivo é essencial para que não tenhamos que remediar o irremediável, porque, quando se perde uma vida, principalmente de criança, não há nada que conforte a família. Não há nada que faça a sociedade aceitar a morte de uma criança por negligência.”

Possíveis Infrações para o veículo
De acordo com o chefe de fiscalização de trânsito do Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS), Otilio Ajala, as possíveis infrações neste caso são:

  • Lotação excedente, multa no valor de R$ 293,47 e remoção do veículo;
  • Conduzir veículo transportando passageiros em compartimento de carga, valor de R$ 293,47 e remoção do veículo;
  • Passageiro sem cinto de segurança, valor de R$ 195,23 e retenção para regularização;
  • Licenciamento vencido desde 2019, valor de R$ 293,47 e remoção do veículo.
Fonte: G1
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