REGIÃO: Pai com leucemia esperou filho fazer 18 anos para receber medula óssea: ‘Gratidão’
8 de maio de 2021 630 Visualizações

REGIÃO: Pai com leucemia esperou filho fazer 18 anos para receber medula óssea: ‘Gratidão’

Um ano e meio após transplante, empresário Fernando Carlos, de 54 anos, celebra protagonismo do filho Luis Fernando, que o ajudou quando alternativas estavam esgotadas.

Com leucemia, o empresário Fernando Carlos da Silva, de 54 anos, ainda vive sob acompanhamento médico constante um ano e meio depois de receber um transplante de medula óssea, e redobra os cuidados por causa da pandemia da Covid-19.

Uma rotina relativamente simples de ser cumprida, segundo ele, para quem teve que enfrentar a falta de doadores de órgãos e só conseguiu vencer a batalha graças ao protagonismo do filho: assim que completou 18 anos, o jovem Luis Fernando não teve dúvida quando se prontificou a fazer o teste de compatibilidade e a doar a medula para salvar a vida do pai.

“Não tem como eu explicar com palavras o que sinto hoje, a gratidão que eu sinto hoje, tanto eu como ele também por ter salvado a vida do pai. É uma coisa inexplicável”, afirma Fernando.
Procura por doadores
O empresário de Ribeirão Preto foi diagnosticado com leucemia em março de 2019. Ainda sem poder ajudar o pai, Luis Fernando se lembra como a notícia surpreendeu a todos da família.

“Eu estava no primeiro ano de faculdade e meu pai acabou descobrindo que estava com a leucemia. Foi uma coisa que pegou a gente desprevenido, do nada, porque é uma doença que não é hereditária, não teve sintomas, nada do tipo”, diz o estudante de direito, hoje com 19 anos.

Mesmo sendo submetido ao tratamento com quimioterapia, Fernando soube pelos médicos que, para combater o câncer, teria que passar por um transplante de medula óssea.

O empresário contou com a solidariedade do irmão, que chegou a fazer o teste de compatibilidade, mas o cenário não era ideal por conta do percentual de 50%, considerado baixo. Além disso, não encontrou nenhum doador compatível entre os mais de cinco milhões de cadastrados no Registro Nacional de Doadores de Medula (Redome).

Ao ver o sofrimento do pai, em junho Luis Fernando não hesitou ao completar 18 anos, idade mínima para doação voluntária de medula óssea, segundo as orientações do Redome.

Foi quando ele teve a iniciativa de fazer o exame de compatibilidade para descobrir se poderia ser o doador que o pai tanto precisava. Os resultados demoraram cerca de quatro meses para sair, mas a resposta foi animadora, com uma compatibilidade de 75%.

“Não achava outros doadores no banco de dados nacional e internacional. Assim seria uma única chance que meu pai teria de êxito”, afirma o jovem.

O transplante
O empresário continuou com as sessões de quimioterapia até janeiro de 2020, quando chegou o esperado transplante depois de meses de procura por doadores e de um medo do que poderia acontecer se ele não fosse encontrado. Até dois meses antes do procedimento, a compatibilidade da medula do filho ainda era uma dúvida.

“É terrível. Você fica numa expectativa, você não acha doador, tem dois filhos pequenos pra criar ainda, menor de idade, é complicado. É muito complicado”, afirma Fernando.
Com a realização do transplante, desde então o acompanhamento médico passou a ser periódico para o empresário, mas a reabilitação, segundo ele, tem sido um sucesso.

“A recuperação graças a Deus tem sido mais tranquila, primeiro porque já fez o transplante, já tirou aquela carga da gente, fica mais leve. Agora, devagarzinho, as coisas vão se encaixando”, diz.

Com a pandemia da Covid-19, os cuidados foram redobrados. As consultas semanais se tornaram quinzenas, mensais até serem a cada três meses. “Eu era e sou do grupo de risco, então tem que tomar cuidado, não tem outra forma. Desde o início da pandemia até agora a gente evita muita coisa, sair de casa só o mínimo possível”, ressalta.

Para o filho, a recuperação foi ainda mais tranquila e, em questão de dias de repouso, ele já estava de volta às atividades de rotina. “Entrei em um dia para me preparar, fazer a preparação e no outro dia de manhã já realizei o transplante, voltei pro quarto no hospital e no outro dia já estava liberado.”

Para os dois, permanecem a gratidão mútua e a união. “É um sentimento de gratidão, de poder fazer algo por alguém que já fez tanto por mim, retribuir um pouquinho do que meu pai faz e sempre fez por mim”, afirma o filho.

“A satisfação do meu filho ter completado 18 anos e ele mesmo quis fazer os testes e quis ser doador, acho que não tenho palavras para agradecer a ele, agradecer a Deus por tudo que aconteceu na minha vida. Isso serviu pra unir a gente muito mais, a gente já era unido, mas uniu muito mais”, diz o pai.

Grato pela atitude do filho, o empresário reforça como um gesto dessa natureza pode ser decisivo. “Acho que não existe nada mais gratificante do que salvar uma vida e a doação de medula é um procedimento muito simples. Acho que falta muito instrução às pessoas.”

Exemplo a ser seguido
Histórias como a de Fernando reforçam a importância da doação da medula óssea principalmente em um momento de pandemia, quando o número de doadores está em baixa.

No Hemocentro de Ribeirão Preto, os novos cadastros estão em queda desde 2019. Entre março e abril deste ano, houve apenas 1.871, 16% a menos do que no mesmo período do ano passado e 44,9% a menos do que em 2019.

Segundo o coordenador do transplante de medula óssea do Hospital das Clínicas, Renato Cunha, quanto maior a disponibilidade de pessoas aptas, maiores as chances de quem mais precisa encontrar uma medula compatível pelo Redome.

“Isso vai depender do HLA [antígeno leucocitário humano] desse receptor. HLA é a molécula que nós utilizamos para dizer se o doador é compatível ou não. Aqueles que são mais frequentes na população vão ter até 80% de chance de encontrar um doador. Aqueles que são menos frequentes ou menos representativos podem ter em torno de 20% apenas”, afirma.

A doação de medula óssea, quando recomendada, pode ser feita de duas formas: pela aspiração nos ossos do quadril, com anestesia, ou por meio de aférese, sistema que filtra o sangue e retira células-tronco, explica Cunha.

“São processos diferentes, que entregam células-tronco na mesma proporção, mas com características clínicas diferentes, e a depender das características do receptor e das características do doador é que se faz a escolha de qual o procedimento.”

Pela experiência, Cunha afirma que, além de segura, a doação de medula óssea é um gesto de solidariedade.

“É um sentimento muito puro de altruísmo, saber que ele pode através de uma parcela de sua medula, que é um processo seguro de ser feito do ponto de vista de doação, estar ajudando a salvar uma vida.”

Fonte: G1
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