BEBEDOURO: Homem que esperou 8 dias por UTI Covid morre: ‘Luta em vão’, diz mulher
Leandro Porto Nischida, de 47 anos, foi levado da UPA ao Hospital Estadual na segunda-feira (26), mas não resistiu à gravidade do caso. Secretarias estadual e municipal de Saúde não comentaram.
Morreu na quinta-feira (29) em Bebedouro (SP) o homem de 47 anos que aguardou oito dias por um leito de terapia intensiva para tratar a Covid-19.
Na segunda-feira (26), Leandro Porto Nischida foi transferido da Unidade de Pronto-Atendimento (UPA), onde foi intubado no dia 21, para o Hospital Estadual de Bebedouro.
Antes da internação na UTI, a EPTV, afiliada da TV Globo, mostrou o drama da família dele na busca, sem sucesso, por uma vaga em um hospital. A mãe, dona Maria Assis Porto Nischida, chegou a implorar ajuda para o filho.
“Se passaram muitos dias, o caso se agravou, e quando ele realmente conseguiu, já era tarde, porque o caso era gravíssimo. Ele acabou morrendo ontem, infelizmente a nossa luta foi em vão. Ele não está mais entre nós”, diz Jaine Nischida, mulher de Leandro.
Segundo a família, Leandro foi levado para a UPA no dia 18 de abril. Ele tinha sintomas graves do novo coronavírus e foi intubado quatro dias depois. O pedido de transferência para um hospital foi feito à Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (Cross), responsável por identificar os leitos disponíveis.
O histórico de saúde de Leandro, diabético, obeso e hipertenso, deixava a família ainda mais preocupada com a demora.
A vaga foi disponibilizada na segunda-feira, mas, de acordo com Jaine, tarde demais.
“Essa demora insuportável no atendimento de pacientes graves de Covid numa UTI acaba em morte. Meu marido ficou do dia 18 ao dia 26 de abril esperando uma UTI. Não questiono o tratamento, eles deram total apoio, mas a UTI é necessária nesse caso”, diz.
Jaine critica o poder público pela falta de políticas para a saúde e considera que houve negligência.
“Isso acaba com famílias inteiras, é muita dor. Eu acho que as pessoas que detêm o poder são negligentes, porque menosprezaram o vírus e a capacidade de estrago. Não se investiu nada em hospitais como se precisava. Fica um sentimento de impotência, e agora não tem mais nada pra eu fazer a não ser rezar para passar essa dor.”
Procuradas, as secretarias estadual e municipal de Saúde não comentaram o assunto.
Fonte: G1
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