REGIÃO: Voluntários que tomaram dose da vacina chinesa passam bem, diz pesquisador
Dez dos 500 profissionais de saúde selecionados para estudo receberam aplicação nesta quinta-feira no Hospital das Clínicas (HC). Metade do grupo vai receber produto em teste e o restante, placebo.
Os dez primeiros voluntários de Ribeirão Preto (SP) que receberam nesta quinta-feira (30) a dose da vacina chinesa em teste contra o coronavírus passam bem e não apresentaram nenhuma reação, segundo o professor Eduardo Barbosa Coelho, do Departamento de Clínica Médica do Hospital das Clínicas (HC) e coordenador do estudo.
Os testes do imunizante produzido pela farmacêutica chinesa Sinovac Life Science começaram a ser feitos no Brasil por meio de uma parceria com o Instituto Butantan.
De acordo com Coelho, dos 500 selecionados na cidade, todos profissionais de saúde, metade vai receber o produto analisado e o restante, placebo. A distribuição será feita por sorteio eletrônico. Pesquisadores e voluntários não têm conhecimento sobre qual substância será aplicada em cada grupo.
Os voluntários serão acompanhados ao longo de um ano. Cada um deles receberá um termômetro para aferir a temperatura e um diário, onde devem anotar qualquer tipo de reação.
“No início, as consultas são muito próximas, a gente vai seguir essas pessoas de forma muito mais próxima. A partir da 13ª semana de estudo, a gente vai passar a seguir essas pessoas de forma mais espaçada. Mesmo assim, com contatos telefônicos constantes”, explica o coordenador.
Testes para Covid-19
De acordo com Coelho, antes de receber a primeira dose, os dez profissionais de saúde vacinados nesta quinta-feira passaram por uma bateria de exames, incluindo testes rápidos, sorológicos e RT-PCR para coronavírus. Neste início do estudo, o resultado negativo é condição essencial para a participação.
Ao longo da avaliação, cada voluntário será submetido a pelo menos seis testes RT-PCR, que é aquele que acusa a presença do vírus (Sars-Cov-2) no organismo.
“O que a gente procura em um teste de vacina é saber se houve número de casos novos. Se o produto funciona bem, ele vai proteger as pessoas. Quanto mais casos novos eu tiver dentro do estudo, mais rápido eu consigo saber se o produto funciona ou não”, afirma Coelho.
De acordo com Coelho, a primeira parada programada da pesquisa deve ocorrer quando 150 dos nove mil voluntários testados em todo o país forem diagnosticados. Ao todo, 12 centros foram credenciados. O Instituto Butantan é o responsável pelo monitoramento dos casos.
CoronaVac
A vacina da Sinovac usa uma versão do vírus inativado. Isso quer dizer que não há a presença do coronavírus Sars-Cov-2 vivo na solução, o que reduz os riscos deste tipo de imunização.
Vacinas inativadas são compostas pelo vírus morto ou por partes dele. Isso garante que ele não consiga se duplicar no sistema. É o mesmo princípio das vacinas contra a hepatite e a influenza (gripe).
Elas implantam uma espécie de memória celular responsável por ativar a imunidade de quem é vacinado. Quando entra em contato com o coronavírus ativo, o corpo já está preparado para induzir uma resposta imune.
“Você injeta essas partículas no voluntário com a ideia de que ele desencadeie resposta imunológica. Com isso, que ele fique protegido da doença pela proteção não só de anticorpos, mas também com que a gente chama de resposta celular. Existem células no nosso organismo que são capazes de identificar o vírus e matar essa célula infectada antes que os vírus se espalhem pelo organismo.”
Previsão
O estudo está previsto para durar um ano, mas, se o produto apresentar resultados positivos, poderá ser disponibilizada até janeiro de 2021, segundo o governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, se a vacina for aprovada, a Sinovac e o Butantan vão firmar acordo de transferência de tecnologia para produção em escala e fornecimento gratuito ao Sistema Único de Saúde (SUS). O produto precisa ser registrado pela Anvisa.
Fonte: G1
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