Debate sobre parto normal ou cesariana é intensificado com projeto de Lei
10 de julho de 2019 766 Visualizações

Debate sobre parto normal ou cesariana é intensificado com projeto de Lei

Especialista destaca que os dois métodos são seguros, mas a cesárea trata-se de uma cirurgia de médio porte e com mais riscos de infecção e sangramento

O projeto de Lei da deputada Janaína Pascoal (PSL-SP), que quer dar à gestantes assistidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) a opção de cesariana, mesmo sem indicação médica, reacendeu a discussão em torno do assunto e tem destacado os ônus e bônus de ambos os métodos para a saúde materna.

Em 2018, 4.572 mulheres deram à luz através de procedimentos cirúrgicos e 3.722 naturalmente em Ribeirão Preto. O primeiro número é aproximadamente 28% superior ao segundo – e vai contra a indicação da especialista consultada pela reportagem.

Já de janeiro a junho deste ano, foram 922 e 797, respectivamente. Os dados consolidados são da Secretaria Municipal de Saúde, que também indicam os hospitais que mais contribuíram com o levantamento. Só a Maternidade Sinhá Junqueira realizou 614 partos neste período. A Mater 370 e a Santa Casa 268.

No hospital da Unaerp nasceram 239 crianças, mais 141 no Hospital das Clínicas, 73 no São Paulo, quatro no Hospital Viver, dois na Ribeirania e um no Santa Lydia.

A ginecologista e obstetra Tatiana Prandini adianta que a medida sugerida, caso seja aprovada em votação, prevista para agosto, pode causar grandes impactos aos hospitais públicos e às mulheres também.

O ideal, segundo a especialista, é confiar essa decisão ao profissional da área. “A Organização Mundial de Saúde sugere que toda grávida deveria entrar em trabalho de parto, pois a condição diminui o desconforto respiratório do bebê […]. Os dois modos são seguros, só que a cesárea é uma cirurgia de médio porte, com mais riscos de infecção e sangramentos”, explica.

A médica diz, também, que a questão cultural ainda é um dos fatores predominantes para as mães. Apesar das estatísticas locais serem contrárias, ela acredita que haja uma minimização desta tendência de quatro anos pra cá, com incentivos ao parto normal.

“No Brasil, as mulheres têm uma opinião pré-concebida de que a cesárea é a melhor opção. Na verdade, ela deveria ser um procedimento de exceção quando fossem observados sinais clínicos de impossibilidade de parto normal”, finaliza Tatiana.

Novas diretrizes

No ano passado, a OMS publicou 56 recomendações relacionadas a partos humanos, com base em evidencias e estatísticas. As diretrizes incluem padrões de atendimento, boa comunicação entre pacientes e profissionais e monitoramento constante, caso se faça necessário intervenções médicas. Esta deve ser considerada exceção ao indicado pela organização (parto normal).

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou, ainda, que “o município de Ribeirão Preto segue as preconizações sugeridas pelo Ministério da Saúde”.

Fonte: acidadeon.com

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