BEBEDOURO: Cidade demite 1,9 mil com fim da safra da laranja e é a 6ª que mais perde empregos no país
1 de março de 2019 821 Visualizações

BEBEDOURO: Cidade demite 1,9 mil com fim da safra da laranja e é a 6ª que mais perde empregos no país

Associtrus informa que resultado em janeiro é sazonal e admissões recomeçam em maio. Indústria e construção civil, por outro lado, apontam recuperação com 211 vagas abertas.

Com 1.677 postos de trabalho fechados em janeiro, Bebedouro (SP) é o sexto município brasileiro que mais demitiu no começo do ano, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgado pelo Ministério da Economia.

O resultado é o pior em seis anos, atrás apenas do registrado em janeiro de 2013, quando 2.112 vagas foram encerradas. Seguindo os relatórios dos anos anteriores, a agropecuária é o setor que mais demitiu em janeiro, com saldo negativo de 1.912 vagas.

Segundo Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira de Citricultores (Associtrus), que reúne cerca de 300 produtores de citros, a alta do desemprego neste início de 2019 reflete um movimento sazonal de dispensa com o fim da safra da laranja.

“A safra tem início em maio e vai até o final de janeiro. Ela começa vagarosamente, depois vai aumentando e, a partir de dezembro, vai reduzindo até se encerrar no final de janeiro. Por isso, sempre em um impacto também no resultado divulgado em fevereiro”, diz.

Na comparação com anos anteriores, o resultado da agropecuária em janeiro também é o pior desde 2013. Viegas explica que o número de demissões tem relação direta com o desempenho da safra: quando melhor a colheita, mais trabalhadores contratados.

“Lógico que, a safra maior vai provocar ao final uma demissão maior. Você teve mais trabalhadores atuando nas lavouras. O maior impacto é decorrente do desempenho da safra. Essa safra 2018/2019 teve uma recuperação em relação à anterior”, afirma

Relatório do Fundo de Defesa da Citricultura (Fundecitrus) publicado em 11 de fevereiro aponta que o cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste mineiro – em que Bebedouro está inserido – deve produzir 284,88 milhões de caixas com 40,8 quilos de laranja.

Embora esse número seja 28,5% menor em relação à safra 2017/2018, quando foram produzidas 400 milhões de caixas de laranja, representa aumento de 3,31% no comparativo com a última estimativa divulgada em dezembro do ano passado.

“A safra é sazonal. Daqui quatro meses Bebedouro estará entre as cidades que mais contratam no país. Agora, nesse momento, estamos demitindo porque está terminando a safra”, diz Lucas Gibin Seren, diretor do Departamento de Desenvolvimento Econômico.

Seren explica que nem todos esses trabalhadores demitidos permanecem em Bebedouro durante a entressafra. Isso porque, muitos nem mesmo moram no município, apenas foram contratados por escritórios agrícolas com sede na cidade.

“Muitas vezes, as contratações não são necessariamente para Bebedouro. Eles estão contratando para trabalhar em uma fazenda em outro município, mas a matriz da empresa fica em Bebedouro. A carteira passa por Bebedouro e registra por Bebedouro”, afirma.

Recuperação da Economia

Dados do Caged apontam, por outro lado, recuperação da indústria e da construção civil na cidade. Enquanto o primeiro setor encerrou janeiro com 72 vagas abertas – alta de 50% em relação a 2018 –, os canteiros de obras geraram 139 empregos – em 2018 foram só dois.

Seren diz que o bom resultado da safra da laranja impacta na indústria e Bebedouro possui empresas do setor, inclusive uma multinacional. Além disso, um grupo norte-americano anunciou investimento de R$ 550 milhões na construção de uma fábrica na cidade este ano.

Em relação à geração de empregos na construção civil – o resultado em janeiro desse ano é o melhor desde 2003, quando teve início o levantamento do Caged –, Seren afirma que, pela primeira vez em 30 anos, está sendo construído um edifício residencial na cidade.

“Temos construção de condomínios, novos bairros, um edifício e também no setor industrial a gente tem uma recuperação da própria indústria da laranja. Temos um hospital regional sendo construído pelo estado. Então, isso acaba impactando nessas admissões”, diz.

Fonte: G1



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