REGIÃO: Viúva acusada de planejar morte do marido para sacar R$ 725 mil de seguro é presa
Ana Claudia Batista se apresentou à polícia um mês após Justiça expedir mandado preventivo. Empresário de 35 anos foi morto a tiros, em 2018. Atirador receberia R$ 80 mil, diz Promotoria.
A viúva acusada de planejar a morte do empresário Leandro Henrique Batista, de 35 anos, para ficar com um seguro de vida no valor de R$ 725 mil foi presa nesta quarta-feira (24) após se apresentar à polícia em Ribeirão Preto (SP).
Ana Claudia Batista, que estava foragida há mais de um mês, nega participação no assassinato do marido, em fevereiro de 2018. Ela será encaminhada à Penitenciária Feminina de Franca (SP).
Para a Promotoria, Ana Claudia tinha a intenção de alcançar padrão de vida incompatível com os ganhos habituais à custa do crime. Por isso, colocou em prática a execução do crime.
O advogado dela disse que vai entrar com um pedido de habeas corpus. “Ela nega a prática dos fatos. Que ficou todo esse tempo foragida, reuniu documentação para comprovar que os depoimentos que estão no processo são falsos. Agora vai aguardar o julgamento”, explica o advogado Wesley Felipe Martins dos Santos Rodrigues.
Outros envolvidos
A ex-companheira e a mãe do acusado de atirar na vítima foram presas em maio deste ano. Segundo o MP, elas apresentaram Eder da Silva Rezende, que está foragido, à viúva.
O Ministério Público afirma que Eder receberia R$ 80 mil, pagos por Ana Claudia, que havia encomendado a morte da vítima.
De acordo com a defesa, Ana Claudia não possui vínculo com as duas suspeitas. “Essas mulheres foram clientes dela [no salão de beleza em que trabalhava com Leonardo] há menos de 20 dias [do crime]. Não possuem ligação de amizade de nenhum tipo”, diz.
Para a defesa, a denúncia contra Ana Claudia foi baseada em delações de pessoas que não têm nenhuma informação concreta sobre o caso. As informações, ainda segundo o advogado, são relacionadas a como ela tratava o marido.
“Até 2018 não tinham encontrado nenhuma prova do cometimento do crime. Essas testemunhas apareceram justamente depois que a seguradora entrou no processo. Levantamos e são pessoas que são desafetos dela, depoimentos que não se embasam em nada”, explica Rodrigues.
Segundo a Polícia Civil, Ana Claudia foi até o banco e tentou sacar o valor do seguro de vida de R$ 725 mil alguns dias após o crime. No entanto, segundo a defesa, ela nega a tentativa de resgate da quantia.
Investigação
Leandro foi morto a tiros em fevereiro de 2018, na porta de uma casa no bairro Jardim Monte Carlo. Ele havia ido até o local para se encontrar com uma pessoa que se dizia interessada em alugar o imóvel.
Pouco mais de um ano após o assassinato, a polícia identificou uma testemunha que forneceu importantes indícios à investigação.
Na época, os agentes trataram o crime como latrocínio, roubo seguido de morte, uma vez que a carteira da vítima não foi encontrada com ela. Para Rodrigues, a linha de investigação foi descartada muito cedo.
Outra linha que, segundo a defesa da acusada, deveria ser investigada é de que o crime possa ter motivação passional – já que a vítima teria um relacionamento extraconjugal com uma prima – de acordo com a viúva.
“Ela trouxe um depoimento do primo do falecido, o Gerson, que, quando depôs na delegacia, confirmou que Leandro tinha uma amante e as investigações não foram para esse lado. A gente entende que a investigação podia cair para esse lado e não caiu”, conclui a defesa.
Crime
Vizinhos disseram ter visto Batista chegar de carro à residência, no Jardim Monte Carlo, que estava vazia, mas não viram nenhum suspeito no local. O empresário morava em Dumont (SP) com Ana Claudia e os cinco filhos, e tinha um salão de beleza em Ribeirão Preto.
Uma testemunha contou que chegou a ouvir um barulho, mas que desconfiou só depois de ver que o portão da casa ficou aberto por muito tempo. Foi ela quem encontrou a vítima no quintal e chamou a polícia. Ele foi baleado no tórax e na cabeça, e morreu no local.
A viúva do empresário afirmou na ocasião que o marido havia saído de casa após receber um telefonema de um interessado em alugar a casa. Ele não tinha antecedentes criminais.
Fonte: G1
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