Governo de SP suspende temporariamente início da vacinação dos adolescentes até regularização do recebimento das doses pelo Ministério da Saúde
Vacinação contra Covid-19 do grupo estava prevista para o dia 18 de agosto. Estado diz que recebeu do Ministério da Saúde apenas 50% das doses de Pfizer previstas e que encaminhou ofício pedindo mais; ministério nega ter prejudicado estado.
O governo de São Paulo anunciou na tarde desta quarta-feira (5) que a data do início da vacinação para adolescentes no estado fica “em aberto” até a regularização do repasse das doses da vacina da Pfizer contra Covid-19 pelo Ministério da Saúde. A imunização dos adolescentes estava prevista para começar no dia 18 de agosto, e só vacinas da Pfizer estão liberadas para o grupo no Brasil até agora.
Segundo o governo do estado, foram repassadas 228 mil doses da Pfizer de um total de 456 mil a que São Paulo teria direito na divisão proporcional entre os estados (o critério é o tamanho da população). O Ministério da Saúde negou ter prejudicado o estado, mas o governo estadual informou que vai acionar a Justiça.
“O início de vacinação dos adolescentes do estado de são Paulo está neste momento com a sua data de início em aberto. Isto se deu por conta da redução do envio proporcional de vacinas da Pfizer para o estado de São Paulo”, disse o secretário-executivo da Saúde, Eduardo Ribeiro.
De acordo com Ribeiro, a data para começar a vacinar o grupo ficará indefinida até que o “Ministério da Saúde regularize esta situação e garanta a continuidade dos envios de doses na proporcionalidade que vem sendo praticada por ele, ministério, até aqui”.
O início da vacinação para adolescentes em 18 de agosto previa prioridade para pessoas com comorbidade, com deficiência, gestantes e puérperas, segundo o plano estadual de imunização.
“Nós enfrentamos um momento de abrupta modificação que impacta de forma cruel na vacinação daqueles que são vulneráveis e que precisariam ter sido vacinados e foram já deixados pelo programa nacional de imunização lá pra trás e, com isso, serão mais ainda retardados na suas ações de proteção”, lamentou o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn.
De acordo com Regiane de Paula, coordenadora do Plano Estadual de Imunização (PEI), ela participou de uma Câmara Técnica de Epidemiologia no dia 27 de julho em que foi discutida a possibilidade de revisão dos quantitativos enviados para regiões Norte e Nordeste, que se tratava de um aumento e não diminuição.
SP pede mais doses ao governo federal
Nesta quarta (4), o secretário estadual da Saúde, Jean Gorinchteyn, protocolou um ofício junto ao Ministério da Saúde solicitando que as outras 228.150 doses que estavam previstas inicialmente sejam entregues em até 24 horas.
O Ministério da Saúde negou nesta quarta-feira (4) que tenha prejudicado o estado de São Paulo na distribuição de vacinas contra a Covid-19. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Moreira da Cruz, afirmou que não há um percentual fixo de doses para cada estado e que o objetivo neste momento é diminuir a diferença do avanço da imunização pelo país.
Cruz também afirmou que a decisão de distribuição das doses não é feita de maneira unilateral pelo Ministério da Saúde, já que participam das reuniões o Conass (conselho de secretários estaduais de saúde) e o Conasems (conselho das secretarias municipais de saúde).
De acordo com a secretária extraordinária para Covid, Rosana Leite de Melo, houve uma “compensação” no lote da Pfizer porque São Paulo já teria recebido mais doses de outros imunizantes, como o do Butantan.
“O fato de o Butantan ser localizado em São Paulo, eles podem fazer a retirada direta desse imunizante lá, assim como o Rio de Janeiro também faz a retirada direta do imunizante da Astrazeneca, mas respeitando sempre as avaliações do INCQS e tudo a mais. O que ocorre muitas vezes, por alguma falha de comunicação, pode-se retirar um quantitativo a mais. Por conta da equidade, a gente acaba fazendo algumas compensações e pode ser que [o estado] não entenda, mas nós estamos sempre abertos para responder”, disse a secretária na quarta-feira.
Ela afirmou ainda que a população brasileira está “incomodada” com a diferença de avanço entre os estados.
Em nota, o governo de São Paulo disse que o Ministério da Saúde mentiu ao dizer que o estado ficou com mais doses da vacina do Butantan.
“É mentirosa a afirmação da secretária extraordinária de enfrentamento à Covid-19, Rosana Leite de Melo, que o Estado de SP ficou com mais doses da vacina do Butantan conforme afirmado em entrevista coletiva do Ministério da Saúde hoje”, diz o texto.
Calendário
O início da imunização dos adolescentes estava prevista para ocorrer em 18 de agosto e ia até 12 de setembro.
O calendário inicial previa a vacinação de adolescentes de 12 a 17 anos com comorbidades, deficiências, gestantes e puérperas, entre os dias 18 a 29 de agosto. Em seguida, entre 30 de agosto e 5 de setembro, seria a vez dos adolescentes de 15 a 17 anos. A campanha seria finalizada com a imunização de adolescentes de 12 a 14 anos, do dia 6 a 12 de setembro.
Fonte: G1
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