BARRETOS: Prefeitura exonera 102 servidores e reavê R$ 489 mil de R$ 11 milhões desviados na ‘fraude dos holerites’
5 de agosto de 2019 857 Visualizações

BARRETOS: Prefeitura exonera 102 servidores e reavê R$ 489 mil de R$ 11 milhões desviados na ‘fraude dos holerites’

Ex-secretária de Administração e o marido foram indiciados por liderarem esquema, com ajuda de outros cinco. CPI na Câmara Municipal também apontou indícios de crime eleitoral.

Desde que um esquema de fraude em holerites foi descoberto na Prefeitura de Barretos (SP), em janeiro deste ano, 102 servidores municipais já foram exonerados por suspeita de envolvimento no golpe e oito ainda estão sendo investigados em sindicâncias internas.

Do montante de R$ 11 milhões desviados, R$ 489 mil já retornaram aos cofres públicos. A Prefeitura tem exigido dos exonerados a devolução integral e em única parcela dos valores recebidos irregularmente. As negociações prosseguem com os ex-funcionários.

A ex-secretária de administração Adriana Nunes Ramos Soprano foi afastada do cargo e chegou a ser presa com o marido, Rafael Soprano, por suspeita de serem os líderes do esquema. Eles obtiveram habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Um chefe do departamento de trânsito, um funcionário terceirizado, duas servidoras que atuavam no gabinete do vice-prefeito e um chefe do departamento de recursos humanos também foram presos por suspeita de envolvimento no esquema.

As investigações apontaram que diversos servidores foram convidados a participar da fraude e, quando aceitavam, recebiam valores entre R$ 2 mil e R$ 11 mil mensalmente, incorporados aos salários. Eles então sacavam parte da quantia “extra” e repassavam à ex-secretária.

Segundo a Prefeitura, os valores a mais eram incluídos nos holerites pela Secretaria de Administração e esses arquivos enviados ao banco. Após os depósitos dos pagamentos, as quantias irregulares eram excluídas do sistema, antes da impressão dos documentos.

Em nota, a administração municipal informou que o sistema de pagamentos dos funcionários públicos foi “revisto e novos métodos adotados, inclusive com a supervisão de mais de um servidor” para garantir mais segurança a essa movimentação.

Desde a saída de Adriana, a pasta é ocupada por Silvio Brito. Em nota, a Prefeitura informou que os cargos dos servidores exonerados “já vinham em processo de reposição”, inclusive com profissionais aprovados em concurso público realizado no ano passado.

CPI na Câmara
A Câmara Municipal também instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso. O relatório final apontou indícios de crime eleitoral associado à fraude e encaminhou o documento ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP).

Segundo os vereadores, funcionários beneficiados no esquema atuaram nas campanhas eleitorais de Major Mauro, então candidato a deputado estadual, e do vice-prefeito Vagner Chiapetti, que tentava se eleger a deputado federal, em 2018. Ambos negam as acusações.

O esquema
Segundo o prefeito Guilherme Ávila (PSDB), a fraude foi identificada após denúncia de moradores e vereadores, que apontavam aumento da folha de pagamento, apesar das medidas de contenção de gastos adotadas pela Prefeitura nos últimos anos.

A Prefeitura identificou que os holerites eram emitidos com os valores corretos a serem pagos, mas os depósitos efetivados eram maiores. Segundo Ávila, 90% dos servidores afastados recebiam cerca de R$ 11 mil a mais do que era devido.

Documentos apresentados pela administração municipal apontam que o sistema foi corrompido e estava sendo acessado remotamente. Holerites impressos às 23h apontam a suspeita de que foram manipulados fora do horário de expediente.

De acordo com o prefeito, a checagem de 3 mil holerites foi feita manualmente. Em janeiro deste ano, os primeiros 105 funcionários foram afastados e a então secretária de Administração, Adriana Soprano, foi exonerada.

Ela e o marido foram indiciados pela Polícia Civil por peculato, corrupção passiva, inserção de dados falsos em sistemas, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) também investiga o caso.

Fonte: G1

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