Ginástica cerebral ajuda pacientes na reabilitação pós-Covid, dizem especialistas
Perda de memória, confusão mental e dificuldade de raciocínio são alguns dos problemas relatados por pessoas que foram infectadas pelo coronavírus.
Aos 70 anos, a produtora rural Vera Leite de Moraes contraiu Covid-19 em Ribeirão Preto (SP). Ela teve sintomas leves, mas quando se recuperou, percebeu diferenças na atenção e no raciocínio.
“Eu senti os efeitos da Covid de cansaço, parecia uma letargia, uma dificuldade de raciocinar. Parece que eu tinha emburrecido”, afirma Vera.
Conforme os estudos evoluem, os cientistas descobrem mais sobre a ação do novo coronavírus no organismo. Pesquisas já demonstraram que o vírus afeta não só o sistema respiratório, mas também o coração, os rins e até o cérebro.
Pacientes que se recuperaram da doença podem apresentar problemas cognitivos, como falta de memória, raciocínio lento e confusão mental. Esse tipo de sequela é chamada de névoa cerebral e é observada inclusive em pessoas que desenvolveram a forma leve da doença.
“O vírus parece ter uma predileção, ele gosta de algumas áreas do cérebro que se localizam na região basal, ou seja na base do crânio. Há evidencias de que ele ataca áreas responsáveis pela memória”, diz o neurologista Ricardo Santos Oliveira.
A boa noticia é que esses quadros podem ser revertidos. Assim como o corpo se exercita em uma academia, existe a ginástica cerebral.
A especialista em ginástica para o cérebro, Josiane Sônego Salesse Vieira, explica que o cérebro precisa ser provocado para reforçar a capacidade de resposta aos estímulos.
“A gente trabalha muito através de jogos de raciocínio e memória principalmente. Atividades como sudoku, palavras cruzadas, soroban, que é uma calculadora oriental milenar e tem um resultado fantástico no cérebro. Através desse estímulo de coisas diferentes a gente consegue fazer novas conexões neuronais, aumentando a nossa capacidade cognitiva.”
O neurologista também cita que a leitura é um hábito importante para treinar as conexões cerebrais.
Muito antes de ser um tratamento pós-Covid, a ginástica cerebral pode prevenir até casos de demência com o avançar da idade. Fazer novas atividades e encarar desafios fazem o cérebro criar uma espécie de reserva cognitiva, que são mais conexões entre neurônios.
“A gente está acostumado a sempre sentar no mesmo lugar no sofá para assistir TV, sentar no mesmo local da mesa para comer. Se a gente mudar isso, por exemplo, mudar um armário de copo de lugar, a hora que você for pegar o copo para tomar água, você vai pensar ‘opa, não está aqui’. Então você vai tentar pensar onde colocou. Isso é muito importante.”
Fonte: G1
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