Vacinação em massa em Serrana: 76% do público-alvo fez cadastro no 1º dia; resultado do estudo sai em maio
Projeto inédito sobre eficácia da CoronaVac começa em 17 de fevereiro, com monitoramento em postos de vacinação e uso de inteligência artificial no acompanhamento de pacientes.
O programa de vacinação em massa contra a Covid-19 que será realizado em Serrana (SP) mobilizou o cadastro de 23 mil pessoas somente na quinta-feira (11), o equivalente a 76% do público-alvo, segundo o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Os resultados do estudo inédito sobre o impacto da CoronaVac contra a transmissão do novo coronavírus devem sair até a segunda semana de maio.
“O que vamos obter de respostas aqui em Serrana vai servir para o mundo inteiro. Serrana vai dar a resposta se a vacinação de fato vai ter um efeito imediato e duradouro sobre a pandemia, nas próximas semanas, nos próximos meses o trabalho aqui é de fundamental importância para humanidade”, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
O projeto inédito no Brasil tem o objetivo de imunizar 30 mil voluntários entre os 45.644 moradores do município a 315 quilômetros de São Paulo. Os lotes da vacina são exclusivos para o estudo e o uso deles não interfere na distribuição para outras cidades, de acordo com o Instituto Butantan.
A campanha deve ser iniciada em 17 de fevereiro, com duração inicial de oito semanas. Em mais cinco semanas, a expectativa é de que os pesquisadores consigam confirmar se a CoronaVac reduz a transmissão do novo coronavírus e a manifestação de casos graves da doença.
Os pacientes serão acompanhados após a vacinação por meio de um programa de vigilância ativa das autoridades locais de saúde e com auxílio de uma inteligência artificial, chamada Tainá, criada em parceria com o WhatsApp.
“O estudo não acaba na vacinação. Além de toda a avaliação de eventos adversos que a gente tem que fazer, a gente tem também toda a avaliação dos dados que a gente quer trazer. Essas respostas de melhora de redução de casos graves, de redução da transmissão, isso são dados que a gente vai tirar e que a gente precisa seguir essa intervenção ao longo do tempo”, disse o médico hematologista Pedro Garibaldi.
Vacinação em massa
Serrana foi escolhida para a pesquisa por ser uma cidade de baixo número populacional, além de estar próxima a Ribeirão Preto (SP), referência nacional em saúde, e de ter apresentado dados preocupantes de transmissão do novo coronavírus em um inquérito sorológico realizado pelo Instituto Butantan em 2020.
Prevista para ser iniciada em 17 de fevereiro, a vacinação em massa será setorizada em quatro regiões diferentes, onde a população correspondente receberá as doses sucessivamente a cada semana.
Como a situação epidemiológica do município vem sendo acompanhada há meses, segundo Dimas Covas, será possível estabelecer comparativos para cada região tão logo elas sejam imunizadas.
“Na medida em que vacinamos uma região, essa vacinação já está sendo comparada com a situação anterior. Estamos acompanhando a cidade já há muito tempo, então já temos a história da epidemia na cidade. Em cada uma dessas regiões sabemos em que pé está a pandemia”, afirmou Covas.
Usadas tanto para a aplicação das doses quanto para a avaliação de resultados, as escolas da rede pública terão segurança durante o estudo.
“Todos os postos de vacinação têm uma estrutura dedicada para isso, com todos os requisitos de segurança, porque nós sabemos que essa vacina é uma vacina extremamente procurada, e onde vai estar ocorrendo a vacinação precisa haver segurança, precisa ter o controle social disso.”
CoronaVac e variantes da Covid-19
Diante das manifestações de variantes do novo coronavírus em território nacional, Dimas Covas disse que a questão preocupa, mas ressaltou que a CoronaVac, por ser produzida com base no vírus inativado em vez da proteína S, tem mais vantagens que outros imunizantes.
“Ele foi inativado, foi quebrado nos seus pedaços e são esses os pedaços que formam a vacina. Então quando o indivíduo recebe esses pedaços do vírus produz uma resposta imunológica ampla, vai produzir os anticorpos contra vários pedaços do vírus e não apenas contra um pedaço. Portanto, a chance de essa vacina ter problema com essas variantes é menor do que as demais que são baseadas em um único pedacinho do vírus”, disse.
Fonte: G1
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