REGIÃO: Aposentado morre após espera por internação em Franca e família fala em negligência
Paciente de 57 anos sofreu infarto e chegou a ser transferido, mas não resistiu. Secretário de Saúde aponta problema na central de regulação. Estado nega.
Familiares afirmam que houve negligência no sistema público de saúde em Franca (SP) depois que um aposentado de 57 anos com problemas cardíacos morreu no fim de semana após esperar ao menos dez horas por uma vaga de internação.
Alexandre Martins Martinez foi levado ao Pronto-socorro municipal Doutor Álvaro Azzuz após sofrer um infarto e chegou a ser remanejado para o Hospital do Coração, mas não sobreviveu. Noiva do paciente, Marcia Ribeiro afirma que ele poderia ter sobrevivido se tivesse sido transferido com mais urgência.
“Pra mim, eles o mataram por negligência. Agora eu só quero justiça”, disse.
O secretário municipal de Saúde, José Conrado Netto, disse que abriu um processo administrativo para apurar o caso, mas afirmou que o problema foi na central de regulação, sob responsabilidade do estado.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde negou e alegou que foi informado pelo próprio pronto-socorro que o paciente não apresentava condições clínicas de ser transferido.
‘Ninguém deu importância’
Márcia conta que, na noite do sábado (24), estava indo para um aniversário com Alexandre, quando o noivo, que é cardiopata e estava à espera de um transplante, começou a passar mal e o levou com um motorista de aplicativo até o pronto-socorro.
No local, segundo ela, o aposentado recebeu os primeiros atendimentos, mas não obteve uma vaga de internação. Após esperar por horas pelo remanejamento, ela afirma que somente conseguiu a transferência após registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil.
No Hospital do Coração, Márcia relata que recebeu a informação de que Alexandre não havia resistido.
“O caso dele era grave, ele necessitava de uma UTI, mas ninguém deu ouvido, ninguém deu importância para aquele ser humano naquele momento, ninguém”, lamentou.
Segundo o secretário municipal de Saúde, o paciente já chegou ao pronto-socorro em choque cardiogênico, mas foi estabilizado e inserido no sistema de regulação para o Hospital do Coração, que estava lotado.
De acordo com ele, sem uma alternativa por parte da central de regulação, o pronto-socorro transferiu o paciente no sistema “vaga zero”, mecanismo usado para garantir atendimento em casos de urgência.
“O hospital sempre falou todas as vezes que a gente pedia a vaga que estava lotado, a gente não teve outra referência. Cabe ao estado regular essa outra referência, falar pra nós”, argumenta.
A Secretaria de Estado da Saúde confirmou a disponibilidade da “vaga zero” na manhã do domingo (25), e que auxiliou as autoridades municipais na transferência de Alexandre, mas que isso não aconteceu antes por recomendação do pronto-socorro.
Fonte: G1
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